Sobre a coleção Marginália de Estudos Urbanos

O que há em comum entre ladrões, traficantes e trabalhadoras sexuais? Mais ainda: o que esses sujeitos guardam em comum com os moradores das favelas ou das ruas, comas e os artistas marginais, pixadores e grafiteiros? Na coleção Marginália de Estudos Urbanos todos esses sujeitos são protagonistas de livros que, desde 2016, trazem pesquisas etnográficas de ponta, nacionais e internacionais,no campo da Sociologia e da Antropologia urbanas. Um primeiro mergulho nesses livros nos leva a conhecer o mundo das ruas e das prisões, do comércio informal e do tráfico de drogas. De cara, um espanto: aqueles que imaginamos excluídos, desamparados ou maldosos, quase sempre descritos pelo que não têm, fazem parte do nosso mundo urbano;têm valores morais estritos, conhecem o certo e o errado, o belo e o feio, o sofrimento e o prazer. Sabem de raça e gênero, de geração e, pasmem,de trabalho. Avançando nesse encontro entre marginais e pesquisadores, compreendemos queo desvio à norma aceita opera no cotidiano de todos. A perspectiva das margens nos faz ver mecanismos que estruturam nosso mundo social,muitas vezes tão violento e sempre tão desigual. O que aprendemos com a Marginália não vem dos marginais nem dos pesquisadores, mas do que se mostra no contato, na relação, na conversa e nos conflitos entre ambos.