É perfeitamente cabível suspeitar que nossas razões para empreender e apresentar este trabalho não apenas não sejam de ordem "arqueológica" - nem sequer histórica -, mas que tenham uma relação bem precisa com nossos interesses e nossa situação atuais. Não que tenhamos em vista qualquer modo de "atualidade do romantismo". Sabe-se muito bem o que costuma resultar desse tipo de programa: um esmagamento puro e simples da história, a perpetuação duvidosa daquilo que se presume "atualizar", a ocultação (sem inocência) dos traços específicos do presente. Ao contrário, o que nos interessa no romantismo é que pertençamos ainda à época inaugurada por ele e que esse pertencimento, que nos define (mediante a inevitável defasagem da repetição), seja precisamente o que não cessa de ser denegado por nosso tempo. Há hoje um verdadeiro inconsciente romântico, discernível na maioria dos grandes motivos de nossa "modernidade". E foi, aliás, um dos efeitos significativos do caráter indefinível do romantismo ter permitido à chamada modernidade servir-se dele como de um elemento de contraste, sem ver - ou para não ver - que ela quase não era capaz de outra coisa a não ser ruminar as descobertas dele. Foi preciso toda a lucidez de um Benjamin para suspeitar uma armadilha na imprecisão dos Schlegel - e para compreender que a armadilha tinha funcionado perfeitamente. E que, de resto, continua funcionando sempre que nosso tempo decide verificar a "atualidade do romantismo".
Informações técnicas | |
Número de Páginas | 232 |
Ano de Publicação | 2022 |
Editora | UNB |
Autor | Labarthe Phlippe Lacoue |
ISBN | 9786558461395 |
Comprimento (cm) | 23 |
Largura (cm) | 16 |