Esta história pisa em território virgem na literatura brasileira. O mundo branco e desconhecido do sal no Nordeste, visto de dentro para fora e devassado com uma autenticidade fotográfica, supera de pronto as frouxas investidas literárias de que se tem notícia na área das salinas e de sua gente. Na verdade, raras e mal realizadas, tais tentativas perderam-se ou pela exageração do pitoresco ou mesmo por não portarem um nível mínimo de qualidade. E o tema do sal estava a pedir um escritor que o incorporasse à literatura, em termos de arte e depoimento.
A experiência do autor, como artista e como homem, lhe permitiu erguer um livro que atende a uma característica fundamental, velha quanto André Gide e que, em outras palavras, se traduz pela verdade de que uma literatura não se constrói para o simples divertimento de uma sociedade e, tampouco, para servir ao pó da vaidade de seu cultor. Assim, a visão de aparente calmaria das salinas do Nordeste, com as magníficas pirâmides de sal grosso, vem em O Sal da Terra à luz do dia. E realidade de um mundo de mazelas transborda na narrativa. A salina perde as dimensões de postal turístico e ganha em tamanho, força e verdade. Uma multidão de párias são os tarefeiros das salinas nordestinas e suas implicações são a fome, a cegueira, o calo branco, o maxixe, as brechas de uma polegada na sola dos pés, o meretrício aos treze anos de idade, os assassinatos sobre as dunas, enfim, a vida e agonia de um batalhão de descalços que vegeta e morre com lentidão naquele mundo de cloreto de sódio, cruelmente iluminado no Nordeste de sol.
Caio Porfírio Carneiro não é exatamente um escritor de tramas simples, isento das complexidades psicológicas de seus personagens. É a simplicidade das gentes das salinas que motiva a economia de palavras e objetividade desta obra, por isso mesmo mais verdadeira. Uma das características mais firmes destes velhos e meninos, cegos e prostitutas, mestres e brabos é a quase completa ausência de consciência do papel que representam dentro de uma comunidade, daí a autenticidade ora trágica, ora patética ou até cruel.
A experiência do autor, como artista e como homem, lhe permitiu erguer um livro que atende a uma característica fundamental, velha quanto André Gide e que, em outras palavras, se traduz pela verdade de que uma literatura não se constrói para o simples divertimento de uma sociedade e, tampouco, para servir ao pó da vaidade de seu cultor. Assim, a visão de aparente calmaria das salinas do Nordeste, com as magníficas pirâmides de sal grosso, vem em O Sal da Terra à luz do dia. E realidade de um mundo de mazelas transborda na narrativa. A salina perde as dimensões de postal turístico e ganha em tamanho, força e verdade. Uma multidão de párias são os tarefeiros das salinas nordestinas e suas implicações são a fome, a cegueira, o calo branco, o maxixe, as brechas de uma polegada na sola dos pés, o meretrício aos treze anos de idade, os assassinatos sobre as dunas, enfim, a vida e agonia de um batalhão de descalços que vegeta e morre com lentidão naquele mundo de cloreto de sódio, cruelmente iluminado no Nordeste de sol.
Caio Porfírio Carneiro não é exatamente um escritor de tramas simples, isento das complexidades psicológicas de seus personagens. É a simplicidade das gentes das salinas que motiva a economia de palavras e objetividade desta obra, por isso mesmo mais verdadeira. Uma das características mais firmes destes velhos e meninos, cegos e prostitutas, mestres e brabos é a quase completa ausência de consciência do papel que representam dentro de uma comunidade, daí a autenticidade ora trágica, ora patética ou até cruel.
Informações técnicas | |
Número de Páginas | 128 |
Ano de Publicação | 2010 |
Editora | LETRA SELVAGEM |
Autor | CAIO PORFÍRIO CARNEIRO |
ISBN | 9788561123062 |
Comprimento (cm) | 21 |
Largura (cm) | 14 |
Sal da Terra, O
- Editora: LETRA SELVAGEM
- Modelo: 507603056
- Disponibilidade: Em estoque
- R$30,00
-
R$24,00