Livros da EdUFSCar recebem menção honrosa do Prêmio
ABEU
Dois
livros publicados pela EdUFSCar receberam menção honrosa do 9° Prêmio da
Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU). "Enciclopédia
discursiva da Covid-19: o primeiro ano da pandemia no Brasil", organizado
por Fernanda Castelano Rodrigues e Roberto Leiser Baronas, docentes do
Departamento de Letras (DL) da UFSCar, e por Julia Lourenço Costa, pós-doutora
em Linguística pela UFSCar, foi premiado na Categoria Linguística, Letras
e Artes.; e "Amarelinho da Cana-de-açúcar: Uma síndrome e não uma
doença", de autoria de Sizuo Matsuoka, docente aposentado do Centro de
Ciências Agrárias (CCA), do Campus Araras da UFSCar, recebeu o prêmio na
Categoria Ciências Naturais e Matemática.
O diretor da EdUFSCar, Wilson Alves-Bezerra, destacou as premiações: "O
prêmio da Associação Brasileira das Editoras Universitárias tem um significado
especial para a EdUFSCar, porque é um reconhecimento de nossa área específica
de atuação."
Enciclopédia discursiva da Covid-19
Essa publicação tem como objetivo principal romper com as barreiras da
comunicação, viabilizando o acesso a informações cientificamente relevantes por
meio de linguagem acessível, abrangente e objetiva, e concretizando, assim, o
diálogo entre ciência, linguagem e público. O livro reúne textos que apresentam
análises discursivas do funcionamento de alguns dos termos ou expressões que
circularam com frequência na mídia brasileira no primeiro momento da pandemia,
entre março e dezembro de 2020. São encontrados aqui dezessete verbetes que
buscam evidenciar a intensa luta pela produção e circulação dos discursos sobre
a Covid-19 no País.
"Nós três, organizadores da obra, estamos extremamente felizes de receber
essa menção honrosa porque ela coroa o trabalho que a EdUFSCar vem fazendo com
as publicações, principalmente aquelas apresentadas por professores da
Universidade e que são produto de projetos de ensino, pesquisa e extensão
dentro da Instituição e que mostram a qualidade da produção de dentro da Universidade.
Esse livro foi produzido no primeiro semestre de 2020, quando vivíamos os
momentos mais difíceis no Brasil na pandemia. Essa produção mostra como os
estudos da linguagem também podem contribuir com o pensamento crítico,
com a produção do conhecimento, inclusive nesses momentos de crise sanitária.
No livro, colocamos em evidência os embates que tínhamos nos discursos que
circulavam sobre a pandemia, evidenciando as posições ideológicas que estão
presentes nesses discursos. É importante receber esse prêmio, entendendo como
reconhecimento da nossa contribuição num momento tão dramático da
humanidade", afirmou Fernanda Castelano.
Para o diretor da EdUFSCar, esse livro "é um trabalho de ponta, uma
resposta da Universidade, no âmbito da linguagem, ao que poderia ficar
invisível. Cabe ressaltaU que se trata de um livro também fruto de um projeto
de extensão universitária, transdisciplinar, com pesquisadores de Letras e de
Medicina, o InformaSUS-UFSCar. A universidade como um todo é reconhecida com
essa Menção Honrosa. Ao mesmo tempo, mostra-se mais uma vez o terreno fértil
das colaborações entre as Letras e a Saúde, que já tiveram lugar na própria
UFSCar em outros projetos de extensão".
Amarelinho da cana-de-açúcar
O livro aborda uma suposta doença da cana-de-açúcar (amarelinho da
cana-de-açúcar) que, na década de 1990, preocupou os produtores dessa cultura
no Brasil, acometendo, principalmente, a variedade SP71-6163, na época, de alto
valor. Desde o início, o pesquisador e autor Sizuo Matsuoka refutou a teoria de
que se tratava de uma doença, argumentando que a baixa produtividade da
variedade se devia a um complexo de estressores ambientais. Porém, a ideia
geral era a de que se tratava de uma doença com causa específica, e as
pesquisas no Brasil e no mundo se direcionaram para um vírus denominado vírus
da folha amarela da cana-de-açúcar. Dissecando as complexas interações
genético-ambientais que levam à expressão fenotípica, o livro apresenta como
conclusão que o "amarelinho da cana-de-açúcar" é uma síndrome e não
uma doença.
Matsuoka agradeceu ao reconhecimento do Prêmio, ressaltando a importância da
obra que descreve um problema que envolveu mais de 30 anos de pesquisa. O
diretor da EdUFSCar descreve que essa publicação pode ser considerada como a
biografia de uma ideia, ou talvez até de uma obsessão. Quando, em 1992, os
canaviais do interior paulista foram acometidos de um amarelamento em suas
folhas, que passou a ser chamado de "Amarelinho", "o professor
Sizuo Matsuoka, então já um fitopatologista respeitado, foi chamado a debater o
tema na ESALQ e posicionou-se na contracorrente: o que ele identificava no
fenômeno não era uma doença, e sim uma síndrome já identificada quase 30 anos
antes, no hemisfério norte, e conhecida pelo pesquisador há duas décadas.
Portanto, segundo Sizuo, não havia qualquer perigo à cana. Pesquisadores e
produtores rurais dividiram-se. A partir de então, a vida e a pesquisa de
Matsuoka passaram a ser um longo debate para sustentar sua ideia, nacional e
internacionalmente, até que o tempo terminasse por lhe dar razão. Assim,
'Amarelinho da Cana-de-Açúcar' é não apenas o fruto de diversas pesquisas de um
fitopatologista, mas também a importância do debate acadêmico, a história de
uma ideia e a defesa de uma ciência mais holística e menos cartesiana".
"Para a EdUFSCar é motivo de orgulho ter publicado esses dois livros.
Ambos trazem a incidência direta do que se produz na Universidade - em pesquisa
e extensão - com os olhos voltados ao entorno social, aos fenômenos inesperados
que a natureza oferece. Os prêmios são um reconhecimento social pelo
cumprimento da missão de nossa Editora e de nossa Universidade", finalizou
Alves-Bezerra.
A cerimônia de entrega do Prêmio acontece no dia 17 de novembro, das 18h às
21h, no teatro da Unibes Cultural, Rua Oscar Freire, 2.500, São Paulo, SP. Mais
informações sobre os livros premiados podem ser conferidas no site da EdUFSCar.
Fabricio Mazocco - Publicado em 23-10-2023 16:00
https://www.ufscar.br/noticia?codigo=15755&id=livros-da-edufscar-recebem-mencao-honrosa-do-premio-abeu